Os crimes envolvendo colecionadores, atiradores e caçadores (CACs) no Distrito Federal tiveram um aumento surpreendente de mais de 1000% em cinco anos, revelam dados obtidos pela TV Globo via Lei de Acesso à Informação. Em 2019, foram registradas 24 ocorrências, um número que saltou para 279 no ano passado. O episódio recente envolvendo Wesly Denny da Silva Melo, suspeito de matar a ex-companheira no Gama, destacou a ligação com registros de CAC, evidenciando a urgência de uma revisão nas políticas de concessão dessas permissões.
Em 2023, o maior número de ocorrências estava relacionado ao porte e posse de armas, totalizando 138 casos. Seguiram-se 82 situações de ameaça e 89 crimes envolvendo mulheres, incluindo casos sob a Lei Maria da Penha (77) e violência psicológica (12). Esse aumento expressivo de incidentes, muitos deles violentos e fatais, ressalta a necessidade de uma análise mais rigorosa nos exames psicológicos aplicados a quem deseja obter o status de CAC.
O especialista em segurança pública, Cássio Thyone, destaca a importância de aprimorar esses exames, alertando para os perigos de conceder permissão a indivíduos com propensão à agressividade. “Para aquele agressor que já tem uma tendência à violência portar e ter acesso a uma arma de fogo só faz incrementar a ideia de poder que ele tem sobre a pessoa com quem ele divide a sua vida dentro de um lar,” enfatiza o especialista.
Diante dessas estatísticas alarmantes, a discussão sobre a segurança na concessão de registros de CAC ganha destaque, sendo fundamental repensar os critérios de avaliação psicológica e verificar a viabilidade de medidas preventivas para evitar que armas caiam nas mãos erradas, mitigando os riscos associados a esse aumento preocupante de crimes.