Veto de R$ 5,6 bilhões, imposto por Lula, causa descontentamento entre o Executivo e parte da base parlamentar. Lira convoca reunião de líderes.
O corte de R$ 5,6 bilhões nas emendas de comissão pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva gerou descontentamento entre o governo e parte da base parlamentar, especialmente o Centrão. Deputados ligados ao bloco expressaram queixas, e interlocutores agiram para evitar maiores divergências. Lula procurou minimizar o problema ao falar sobre sua relação com o Congresso, explicando o veto e fazendo comparações com o governo anterior. O presidente da Câmara, Arthur Lira, convocou uma reunião de líderes para abordar o assunto e discutir temas adicionais, como a relação com a bancada evangélica e a reoneração da folha de pagamento.
O vice-líder do Centrão, José Rocha (União Brasil-BA), percebe insatisfação devido ao veto de Lula, considerando falta de sintonia entre governo e Congresso. O Planalto vê o problema como desproporcional, enquanto o vice-líder do governo, Rubens Pereira Júnior (PT-MA), acredita que é contornável, destacando uma boa relação no primeiro ano. Com a reunião convocada por Lira, busca-se medir a extensão do problema e avaliar o humor dos deputados antes do início do ano legislativo. Ministros do governo explicaram a Lira que o corte nas emendas não estava previsto e que esse valor não foi direcionado para outros gastos. Apesar do corte em emendas, Lula destinou R$ 4,9 bilhões para financiar as campanhas eleitorais de 2026, beneficiando partidos como o PL e o PT.
Segundo especialistas consultados pelo Correio, não há indícios de crise entre o governo e o Congresso devido ao veto do presidente. José Paes Neto, especialista em direito eleitoral, enfatiza que as discussões em torno do Orçamento são naturais, parte do processo de cada poder defender seus interesses. Ele destaca a habilidade política de Lula na busca por acordos pontuais. O cientista político Rodrigo Prando reforça que não há uma crise extensa, mas sim desafios na relação Executivo-Legislativo. Destaca as disputas por recursos e poder, apontando que Lula precisa contornar essas questões com habilidade política, especialmente diante das eleições municipais deste ano. Prando sugere que o governo terá que negociar cada pauta individualmente em 2024.