O caos gerado pelas recentes enchentes no Rio Grande do Sul ganhou um novo e preocupante capítulo no fim de semana, com relatos de furtos e assaltos à mão armada em bairros alagados da capital, Porto Alegre, e cidades vizinhas como Canoas, São Leopoldo e Sapucaia do Sul.
Em um incidente chocante, dois homens foram presos após tentarem assaltar um barco de resgate lotado de desabrigados, onde, para surpresa dos criminosos, estavam dois policiais à paisana. Em outra ocasião, dois indivíduos foram quase linchados por populares ao serem flagrados furtando uma residência à noite em Mathias Velho, Canoas.
A situação é de calamidade, com relatos de criminosos utilizando motos aquáticas para cometer delitos. O medo se instaurou entre os voluntários que trabalham em operações de resgate, levando alguns a se armarem para protegerem-se contra potenciais ataques. A escuridão causada pelo corte de energia elétrica em grande parte da região alagada proporciona cobertura para ações criminosas.
Para piorar a situação, há relatos de cobrança por resgates, com barqueiros exigindo altos valores para salvar vidas e animais de estimação. A população enfrenta um dilema entre esperar pelo resgate de voluntários ou pagar por serviços, muitas vezes exploratórios, em um momento de desespero.
As autoridades, cientes do caos crescente, mobilizaram um contingente policial adicional, cancelando férias e reforçando o policiamento nas áreas afetadas para conter a onda de crimes. No entanto, o foco principal permanece em salvar vidas em meio a um cenário que o comandante-geral da Brigada Militar do Rio Grande do Sul descreve como “um cenário de guerra”.
A tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul já resultou em 83 mortes confirmadas até o momento, com 111 pessoas desaparecidas e 276 feridas. Milhares de pessoas estão desabrigadas ou desalojadas, enfrentando uma crise humanitária sem precedentes. As mudanças climáticas agravaram ainda mais os impactos desses eventos extremos, deixando a população à mercê da natureza e da criminalidade.