gras no Brasil. Os números são alarmantes, mostrando uma trajetória ascendente que merece atenção urgente. A mortalidade materna entre mulheres negras subiu de 60,6% em 2010 para 66,5% em 2015 e ultrapassou 71% em 2020. Esse aumento foi especialmente pronunciado entre mães pretas e pardas, com incrementos de 22,6% e 19,5% em 2010 e 2020, respectivamente.
Além disso, as disparidades no acesso ao pré-natal são evidentes. As mulheres que se declaram brancas continuam a ter um maior acesso proporcional ao pré-natal, com 80,9% delas recebendo sete ou mais consultas durante a gestação. As mulheres amarelas também têm um acesso relativamente bom, com 74,3%. No entanto, as mulheres pretas (68,7%), pardas (66,2%), e indígenas (39,4%) enfrentam desafios significativos em termos de acesso ao cuidado pré-natal.
Outro dado alarmante é a proporção de recém-nascidos com baixo peso, o que aumentou entre mães negras, passando de 8% em 2010 para 10,1% em 2020. Isso é especialmente preocupante, uma vez que o peso ao nascer é um indicador crucial para a saúde e sobrevivência infantil, e crianças nascidas com peso abaixo de 2,5 kg enfrentam um maior risco de mortalidade.
O estudo também destaca que malformações congênitas e prematuridade foram as principais causas de morte infantil entre 2010 e 2020. As condições foram responsáveis por 21,6% e 16,3% dos óbitos registrados, respectivamente. A malformação congênita tornou-se a principal causa de morte infantil na população preta e parda a partir de 2015, superando a prematuridade.
Em relação ao HIV, mais de 60% dos casos e óbitos por AIDS em 2021 foram diagnosticados em pessoas negras. Nos últimos 10 anos, houve um aumento de 12% nos casos de HIV entre pretos e pardos, com 62,3% dos casos em 2021. A qualidade de vida dessas crianças é afetada, e a transmissão vertical é uma preocupação.
Outro dado chocante é que mais de 70% das crianças com sífilis congênita são filhas de mães negras. Embora a proporção tenha diminuído nesse grupo ao longo dos anos, ainda é inaceitável que a sífilis seja transmitida verticalmente no século 21, destacando a necessidade de reduzir essas desigualdades.
A tuberculose também afeta desproporcionalmente a população negra, com 63,3% dos casos entre pretos e pardos em 2022 e 64,4% das mortes por tuberculose entre pessoas negras registradas entre 2010 e 2020.
A doença falciforme é outra preocupação, afetando principalmente a população preta e parda. No Brasil, estima-se que entre 60.000 e 100.000 pessoas vivam com a doença, com a Bahia tendo a maior incidência. A mortalidade por doença falciforme também é significativa, especialmente entre pessoas de 20 a 29 anos.
Esses dados alarmantes destacam a urgente necessidade de ações eficazes para enfrentar as disparidades raciais na saúde materno-infantil no Brasil, garantindo que todas as mães e crianças tenham acesso igualitário a cuidados de qualidade e prevenindo doenças evitáveis e trágicas.