O cenário político brasileiro ganhou destaque internacional neste sábado, 14, com um intenso debate entre o ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), durante um evento em Paris. A acalorada discussão ocorreu no contexto da atual controvérsia no Senado sobre a revisão das regras de indicação de ministros e funcionamento do tribunal, incluindo mudanças como mandatos fixos, elevação da idade mínima dos nomeados, limitação das decisões monocráticas e restrição do acesso ao STF.
Rodrigo Pacheco defendeu a necessidade de uma reforma no Poder Judiciário para resolver o que ele chamou de “crise da legitimidade” das decisões judiciais. “Sempre defendi as prerrogativas do Supremo. Isso não significa que estejamos inertes a modificações que possam ser úteis à credibilidade e ao aprimoramento de todos os Poderes, inclusive do próprio Poder Judiciário”, afirmou durante o fórum promovido pelo Grupo Esfera Brasil. Ele negou que haja uma tentativa de “retaliação” ao STF, mas expressou a preocupação de que a Corte possa estar invadindo as prerrogativas do Congresso, destacando julgamentos recentes que têm gerado mal-estar.
Gilmar Mendes, por sua vez, defendeu veementemente o papel do Supremo Tribunal Federal e destacou sua importância durante a pandemia e nos ataques de 8 de Janeiro. Ele alertou que algumas das propostas em discussão para reformar o STF poderiam levar à “derrocada” do tribunal. “Se hoje tivemos a eleição do presidente Lula, foi graças ao STF. Se a política deixou de ser judicializada e deixou de ser criminalizada, isso se deve ao Supremo Tribunal Federal”, ressaltou. Mendes reconheceu a possibilidade de reformas nos Poderes, mas defendeu que tais mudanças devem ser consideradas em um contexto global.
O debate entre o ministro Gilmar Mendes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, destaca as tensões políticas que envolvem as discussões sobre a reforma do Judiciário no Brasil. Enquanto Pacheco enfatiza a necessidade de medidas para restaurar a credibilidade das decisões judiciais, Mendes defende a importância do STF e alerta para os riscos de mudanças que poderiam abalar o funcionamento da instituição. O embate revela as complexas dinâmicas políticas em jogo e a importância de um diálogo construtivo para resolver os desafios que o sistema judiciário brasileiro enfrenta.