PT está de olho na administração e popularidade de João Campos?
Quem trabalha com política por muitos anos aprende que a conversa repetida por muitos políticos de que “só discutem uma eleição por vez” são meras “verbalidades”.
As disputas eleitorais são encadeadas e as negociações de 2024 estão ligadas, sim, às negociações de 2026. Mas, no caso de João Campos (PSB), é preciso fazer uma pergunta objetiva: ele precisa do PT para ser reeleito no Recife?.
E a resposta é não.
Sabe quem também sabe bem disso? O PT. Por isso os petistas têm insistido com a condição fundamental à vaga de vice.
Se você não precisa de mim, não precisa dos meus votos, para chegar a um objetivo, então eu preciso ter outras garantias de que não servirei apenas como figurante.
Nesse ponto, o PT está corretíssimo. E Campos também.
Quando João Paulo (PT), ex-prefeito do Recife, vai à Tribuna da Alepe (como foi dia 05) para dizer, assim fingindo um improviso (não foi improviso), que o PT está decidindo o caminho melhor para 2024 e que uma das opções é seguir com o candidato que for indicado pela governadora Raquel Lyra (PSDB), “aproveitando a força dela”, não o faz por acaso.
E nem por acaso a declaração saiu da boca do ex-prefeito petista.
É que um dia antes a pesquisa Ipespe mostrava exatamente ele, João Paulo, como o nome mais forte para enfrentar o atual prefeito, apesar de o seu PT, hoje, fazer parte da base de Campos.
Foi um recado de portas abertas para Raquel Lyra. Foi um aviso direto para o prefeito. E não foi sutil.
Imagine, no tabuleiro da eleição, João Paulo empurrado pela militância do PT, com o presidente Lula (PT) de um lado e a governadora do outro.
Talvez não seja suficiente para vencer a eleição devido à popularidade de Campos no Recife, mas pode reconfigurar todo o mapa político de Pernambuco, influenciando diretamente em 2026.
Há uma outra questão no horizonte que precisa ser levada em consideração, mas que ainda nem pode ser discutida porque não há nada resolvido.
A futura Proposta de Emenda à Constituição que pode acabar com a reeleição no Brasil, a ser discutida até o fim do ano em Brasília, tem também um dispositivo que vai determinar todas as eleições acontecendo no mesmo ano, municipais, estaduais e federais.
Para que os calendários se encontrem e terminem todos em 2030, os prefeitos eleitos em 2024 podem ter um mandato de seis anos.
Isso também altera o planejamento dos grupos políticos em todo o país, incluindo o de João Campos, de Raquel e do PT.
Se for eleito e tiver a oportunidade de administrar o Recife por seis anos, Campos terá tempo para transformar o Recife completamente. Planos para isso não faltam. Uma fonte dentro da prefeitura, em conversa com a coluna, disse duvidar que as prefeituras de São Paulo ou do Rio de Janeiro tenham um banco de projetos mais robusto que o Recife.
“A gestão tem consciência dos problemas da cidade, tem soluções viáveis para todos eles sendo estudadas e, quando chega o dinheiro, elas vão sendo realizadas”, contou.
Um exemplo citado na conversa foi o das moradias em áreas ribeirinhas. “Tem um mapa de absolutamente todas as palafitas do Recife e tem um projeto para resolver a situação em cada uma delas”, garantiu a fonte.