Oito estados das regiões Norte e Nordeste enfrentam neste ano a pior seca desde 1980 por causa da falta de chuvas: Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Maranhão, Piauí, Bahia e Sergipe.
Os dados são do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao governo federal, e foram compilados . Eles levam em conta os registros de volume de chuva (em milímetros) de toda a sua base histórica, que teve início em 1980.
A falta severa de chuvas agrava a situação dos rios da região, que enfrentam uma seca persistente, com consequências para a população local, como desabastecimento de comida e água e prejuízos à navegação. O cenário tem relação com o El nino atípico e como aquecimento global.
O mapa abaixo mostra esses recordes.
A estiagem recorde tem deixado diversos rios estratégicos para a região com vazões (volumes) abaixo da média histórica.
Trechos de rios importantes, como o Negro e o Solimões, formadores do rio Amazonas, estão sendo afetados.
Imagens do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, mostram a evolução no impacto da seca nesses dois rios e o Arquipélago de Anavilhanas entre os dias 2 e 29 de setembro.
No intervalo dos dez dias finais do período analisado, é possível ver que o nível dos rios baixa de forma acelerada.
Márcio Moraes, especialista do Cemaden e integrante da sala de crise da Região Norte, explica que essa rápida diminuição da vazão nos rios tem se mostrado alarmante.
“O que chama a atenção é a velocidade com que os rios estão diminuindo de nível. Nos períodos secos, eles diminuem de forma lenta. Essa redução brusca nos deixa preocupados com os impactos, que vão de problemas na agricultura a até o desabastecimento da região e impacto na geração de energia.
— Márcio Moraes, especialista do Cemaden e integrante da sala de crise da Região Norte
Moraes afirma que a região tem uma configuração cíclica, entre cheias e estiagem. No entanto, a interferência do El Niño fez com que a estiagem fosse mais severa e a cheia, menos intensa.
“Estamos em um ano de El Niño, com uma temperatura acima da média e uma seca intensa no Norte. A gente já vem de um período de cheias no limite do esperado ou abaixo da média, o que fez com que a redução dos níveis dos rios acontecesse muito mais rapidamente”, explica.
A seca recorde está relacionada, segundo especialistas, à combinação de dois fatores que inibem a formação de nuvens e chuvas: o El Niño (que é o aquecimento do oceano Pacífico) e a distribuição de calor do oceano Atlântico Norte. Há oito anos, quanto também viveu a pior estiagem, também havia interferência de El Niño.
O cenário pode piorar porque o período de seca que deveria terminar em novembro, deve se estender até janeiro. Com isso, o recorde da estiagem pode se estender a outras áreas do mapa.
Os impactos da seca extrema têm sido sentidos em diversos âmbitos e escalas:
Uma localidade no interior do estado do Amazonas foi completamente engolida devido a um deslizamento de terra, fenômeno conhecido como “terras caídas”. Enquanto isso, uma seca histórica levou ao desligamento de uma das maiores linhas de transmissão de energia elétrica do Brasil.