Pai de Victoria Mafra Natalini mantém investigação paralela. Recompensa por informações cruciais para esclarecer morte da estudante de SP. Exames indicam asfixia mecânica em Itatiba.
Família de Victoria Mafra Natalini oferece R$ 50 mil por informações que possam reabrir inquérito de homicídio após seu desaparecimento em 2015 em Itatiba, SP.
Neste mês, dois professores e três gestores da escola Waldorf Rudolf Steiner, em São Paulo, tornaram-se réus por abandono de incapaz. A denúncia foi oferecida pelo promotor em 14 de setembro, e o juiz do Foro de Itatiba considerou-a plausível no mesmo dia. O processo será digitalizado e as audiências agendadas.
O juiz também arquivou o inquérito policial com relação ao crime de homicídio sem a identificação do autor da morte. O procedimento poderá ser reaberto se surgirem novas informações.
Em 10 de julho de 2023, o DHPP tinha indiciado os dois professores que estavam com os alunos. A polícia entendeu que eles foram omissos com as obrigações e uma suposta negligência levou a estudante à morte.
Em nota, a escola informou que “reitera que segue comprometida em contribuir com as autoridades e a justiça desde o primeiro dia das investigações. A escola lamenta profundamente o falecimento da aluna Victoria Natalini e se mantém solidária aos seus familiares e colegas”.
E complementa: “A instituição de ensino também reforça que todos os procedimentos de segurança necessários foram adotados durante a viagem de estudo do meio e que, após a constatação da ausência de Victoria, as autoridades competentes foram contatadas. Esclarece, ainda, que em todas as atividades pedagógicas desenvolvidas – sejam na escola ou em ambiente externo – disponibiliza equipes de profissionais capacitados para acompanhamento de seus alunos”.
‘É uma dor indizível’
João Carlos Siqueira Natalini, pai de Victória, em entrevista, disse que irá continuar com uma investigação paralela com a feita pela polícia de Itatiba e de São Paulo.
“O meu papel é o papel de cobrança até nós chegarmos à autoria do homicídio da minha filha. Tanto eu quanto minha família ficamos satisfeitos com o indiciamento dos funcionários da escola. Sobre o arquivamento do homicídio, é mais um absurdo com o qual nós estamos tendo que viver durante esses oito anos de sofrimento e de muito esforço exaustivo. A investigação de oito anos para cá foram quatro ou cinco equipes sempre perdendo tempo em se atualizar sobre o inquérito.”
Segundo o pai, a família chegou a pedir providências por meio de advogados que nunca foram cumpridas. Outras foram tomadas, “mas de uma forma parcial”.
“A sensação disso é que é como se abrissem o peito da gente, deixassem tudo exposto e levassem boa parte do nosso coração embora. É uma dor indizível. Ninguém está preparado para conviver com esse tipo de situação.”
O pai afirma que trata de depressão, busca fazer meditação e conforto na família para poder voltar a uma vida relativamente normal.
“A fé está sendo uma das coisas que me faz ficar em pé desde que tudo aconteceu.”