A presidente do PT esclareceu que não solicitou o fim da Justiça Eleitoral e enfatizou que qualquer instituição pode ser alvo de críticas. Ela levantou dúvidas sobre o Brasil ser o único país a ter esse sistema estabelecido.
A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, esclareceu que foi mal compreendida em relação a seus comentários críticos sobre a Justiça Eleitoral e afirmou que “qualquer instituição é passível de crítica”. Ela fez essas declarações em um evento no Recife, semana passada.
Gleisi Hoffman esteve no Recife para participar de uma reunião de articulação do PT para as próximas eleições. Ela concedeu uma entrevista coletiva em que disse ter sido mal compreendida.
“Eu não pedi o fim da Justiça Eleitoral. Eu fui mal compreendida. Eu fiz uma crítica muito dura à Justiça Eleitoral, à equipe técnica da Justiça Eleitoral. Qualquer instituição é passível de sofrer crítica, é saudável. Não pode ficar a crítica ácida apenas em cima dos partidos”, afirmou.
Na quinta-feira (21), ela participou de uma reunião da comissão especial que analisa a PEC 9/2023, conhecida como a PEC da Anistia, na Câmara dos Deputados.
Ao falar sobre as multas aplicadas aos partidos que não cumpriram a cota de gênero nas eleições passadas, Gleisi disse que os valores estabelecidos não eram exequíveis e que os partidos não teriam dinheiro para arcar com a cobrança.
A deputada federal sugeriu que algo estaria errado no fato de o Brasil ser o único país do mundo a ter Justiça Eleitoral. Em resposta, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, repudiou as afirmações e as classificou como “errôneas” e “falsas”.
Ainda durante o encontro do PT no Recife, Hoffman reafirmou a importância da Justiça Eleitoral, mas criticou a desproporção entre o orçamento dos partidos e do TSE.
“Eles vão fazendo as regras e sempre criticam os partidos. Hoje o orçamento do TSE é de 10,7 [bilhões], o orçamento para distribuir entre os partidos é de 1,2 [bilhão]. A gente tem que olhar isso. Tem uma coisa que não está bem medida e foi essa a crítica que eu fiz, senão fica só em cima dos partidos, como se os partidos fossem a coisa mais errada do processo”, afirmou.
Segundo a presidente do PT, as multas que estão sendo tratadas pela PEC da Anistia não são adequadas para a estrutura dos partidos. Gleisi Hoffmann defendeu a aplicação de multa política.
“Tem que ter multa política. Ao estabelecer que nós vamos ter 20% das cadeiras para as mulheres, isso quer dizer que, em situações onde não se eleger mulher, cai um homem eleito e entra a mulher mais votada da mesma chapa. Eu acho que isso é uma correção para as vagas e não só a pecuniária”, declarou.