Polícia Federal na Operação Lesa Pátria investiga legislador
PF inicia 15ª fase da Operação Lesa Pátria hoje (28/8), investigando incitação, participação e financiamento de atos golpistas em Brasília, ocorridos em 8 de janeiro. Agentes cumprem mandados em Goiânia e Piracanjuba, Goiás.
Um legislador estadual é o foco da operação, com sua identidade ainda não tornada pública. De acordo com o Uol Notícias, o deputado em questão é Amauri Ribeiro (União Brasil-GO), ex-prefeito de Piracanjuba. Mandados têm aprovação do STF.4
Conforme informações adicionais da Polícia Federal, os eventos sob escrutínio na presente operação supostamente se enquadram em delitos que abrangem a violenta subversão do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, atos de destruição qualificada, formação de associação criminosa, incitação à prática delitiva, bem como danos, deterioração ou inutilização de propriedade especialmente resguardada, além de transgressões segundo as disposições da legislação antiterrorismo.
O nome do legislador sujeito às diligências não foi revelado pelas autoridades da Polícia Federal. Contudo, em um contexto anterior, em junho, o deputado estadual de Goiás, Amauri Ribeiro (União Brasil-GO), admitiu publicamente ter oferecido apoio financeiro a acampamentos associados a atividades golpistas. Ele declarou, adicionalmente, que sua situação também demandaria detenção.
Durante seu pronunciamento na sessão da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), o legislador ofereceu tal declaração, na qual expressou seu apoio à liberdade do coronel Benito Franco. O oficial militar havia sido detido pela Polícia Federal em abril, no contexto de uma operação voltada à investigação de atividades com indícios golpistas. O coronel Franco, que esteve à frente do comando da Rotam de janeiro de 2019 a agosto de 2021, foi alvo das ações da PF. O deputado Amauri Ribeiro, que também exerceu o cargo de prefeito em Piracanjuba, fez a referida manifestação.
— A detenção do coronel Franco representa um golpe duro para cada cidadão respeitador das leis em nosso estado. Ele foi privado de sua liberdade sem fundamento algum, sem ter perpetrado qualquer ação ilícita. Eu mesmo deveria estar sob custódia. Contribuí financeiramente para apoiar aqueles que estavam presentes no evento. Podem me prender, pois reconheço que assumi um papel que a sociedade condena. Eu ofereci assistência, providenciei mantimentos e recursos — declarou o legislador.
Continuando suas palavras, Amauri manteve sua posição a favor do aporte financeiro aos acampamentos estabelecidos por seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro, localizados nas proximidades de instalações militares em várias regiões do país. O propósito desses acampamentos era questionar o desfecho das eleições.
— Em relação à sua indagação, é importante esclarecer que os recursos não foram provenientes do exterior. Eles foram disponibilizados por indivíduos que têm fé neste país — esclareceu o legislador, dirigindo-se ao colega deputado estadual Mauro Rubem (PT-GO).
Diante da ampla repercussão gerada por suas afirmações, o legislador adotou uma postura de recuo, afirmando: ‘Seria incoerente’, declarou ele.
No ano de 2019, Amauri ganhou destaque nas plataformas de mídia social ao tomar posse em seu cargo com sua esposa sentada em seu colo. Desde seus tempos de comerciante anônimo em Piracanjuba, uma cidade com 25 mil habitantes localizada a 87 quilômetros de Goiânia, o legislador tem estado envolvido em diversas controvérsias, preenchendo sua trajetória com episódios de natureza polêmica.
Durante seu período como vereador, ele se envolveu em um confronto físico com um colega da oposição que possuía uma deficiência física, devido a uma discordância em relação ao discurso deste último, o qual fazia denúncias de funcionários fantasmas na administração municipal. Em outra ocasião, protagonizou um episódio de agressão contra um trabalhador em um canteiro de obras, ao descobrir que a equipe não estava recebendo devidamente. Ainda, no meio de seu mandato como prefeito, foi acusado de agredir sua própria filha de 16 anos, após encontrar fotos íntimas dela com um namorado em seu celular, com a justificativa de preservar ‘os valores morais’. Este incidente ganhou ampla cobertura nos veículos de comunicação da região.